segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ninguém & Alguém


E para além da pré-ocupação de providenciar o ter-aonde-cair-morta,
Quero é seguir na fé de me erguer viva a cada dia.

Abrir as portas cedo, 
deixar o sol entrar.

Quero plantar uma horta.
Esverdear presença.

Deixar o Amor.
Partir.
 Em boa hora.

Fazer caminho de novo.
Chegar ali, além, alado.

Abandonar as roupas e as garrafas secas,
encher meu corpo d'Água sem medir as vontades.

Nos permitir leveza...
Louvar em cada um
o que ninguém nem vê.

Deixar de mim aquilo que não dá precisão
e se espalha no Tempo,
no Vento,
no Coração,
nos brotos,
na Primavera.

Só as crianças sabem:
Que o poema jamais precisou de romance.

A poesia precisa é de cheiro,
A poesia precisa é de planta,
Porque o salão da Beleza não tem solidão. 
E a poesia se doa, pelo Sim, pelo Não.
E não pede troco, nem troca.
Já que pode abrir-se e aceitar de si o que vier,
sem medo.

Ninguém deu nada a Alguém.
Alguém nem viu...

E pra terminar essa estória... Era uma vez!