quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Fé com Farinha

E pra lá de Tudo, existe aquilo que só se alcança através dos olhos que nada vê.
Aquilo dos ouvidos sempre prontos do Silêncio e que a palavra nem supõe.

Existe o que Existe.
Aquela quimera-toda-de-semanas-atrás, dentro da qual /por vezes/ nos sentimos loucos boiando no caldeirão de linguagens sem signos, uma hora, tem que descortinar. E mesmo que Tudo dê em Nada, é assim que é. E água que é Água, aceita.

Uma hora chega a hora da nuvem virar chuva, benção, chão e verde regados...

Os olhos estão para a realidade, assim como a percepção está para o Universo.
 Há muita coisa passando, há muitas Vidas em uma só.
Como não sonhar? Como não querer fazer malabares com o impossível?
Como não rir na cada do Impossível?

Loucura?
Provavelmente.
 É o que muitos dizem, pelo menos.
Só que para lá das diferenças todas, há o que chega, o que leva, o que não somos nós, o que constrói-destrói. Há o Espaço e o Tempo dançando agarrados e a gente fingindo que não sabe dançar, querendo que os dois se tornem alheios... como numa espécie de cirurgia que tem propósito de estirpar siamês de irmãos.

Não...
Eu quero acreditar. Eu prefiro viver de Sim. Comer fé com farinha. Por óleo na secura da carne. E me fazer crer que não tenho mais medo de nada, como quando eu era guria e me sentia grande e forte.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Bien

E numa leve conclusão, o fim da tarde se mostra:
 "Você sabe que o abraço foi bom, quando a pessoa respira dentro dele".

Logo depois veio isso aqui:


Vamos ao mar, Maria
Vamos à fonte
Vamos à Guia

Tudo o que é nosso é parte
 Só foi feito pra deixar

Doe seus braços
Voe pro centro
Pois o abraço
(Se é bom) cabe dentro
Lento e profundo
bem de respirar

Tudo o que é nosso é tão fruto,
não é coisa de comprar

Logo essa chama se finda e apaga
Vira outra coisa. - Voa andorinha!
Não há quem pague o preço da hora.
Em prorrogar o Agora te finges,
roga-te pregos e crises,
riscos de cruzes e pragas.

Tudo o que é são nasce livre.
Asas são só pra voar.

Rega, que nada resseca.
Cuida, que cores florescem.
Rompe grilhões, grita, forte.
Lance os teus pés ao caminho.
O som da estrada te espera.

E se o danado do medo insistir
em se fingir de festeiro e vestir
o abadá d'alegria:
Vamos amar, Maria.

Vamos ao Sol, que o dia
quer perfumar essa Luz que te leva.