segunda-feira, 21 de novembro de 2011

POEMINSK

Você me enche o peito...
minha alma esquece
que há gravidade:
Existo.

Liberdade é isto!

sábado, 19 de novembro de 2011

TAMBORES E AMORES

Se você vai regar
eu fico
E vou com você na boa
Conjugo na vida e em versos
Os plurais da nossa pessoa

Se você quer dançar
Eu rimo
E animo a pensar que posso
Solto o meu corpo e lanço
Minha sorte inteira em seus braços

Se você quer tocar
Eu canto
E invento um país permitido
Com amores e sem gravidade
Onde o vôo é o passo mais lindo

Se você me chamar
Eu toco
Os tambores de um samba nosso
Os rumores da minha explosão
Meu amor através da canção
Atravesso o tempo e o espaço
Quebro teorias e copos

E me esbaldo, e me excedo, e te levo
E te bebo, e te mimo, e dou saltos
E me deixo, me deixo, me deixo
E acredito, e te envolvo e confesso:
Você é o meu sonho que veio.

domingo, 13 de novembro de 2011

Déjà Vu de Amanhã

Amanhã? Eu já não sei.
Já pensei, tentei
Mas hoje eu sei
que de amanhã eu não sei
da cor que o céu terá
ou se o sol virá dizer a mim
a quantas anda o Japão

Se o amor for penhorado
ou meu humor ficar nublado
Se aquela criatura vem me visitar
Será?

De amanhã eu já não sei...
Não sei para onde vão meus passos
Se eu me despeço e volto em casa depois

Pare de me olhar com cara de déjà vu, já vou.
Até mais tarde!
Se mais tarde houver, até...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O MASCOTE DA LAPA

Quinta-feira, Estação da Lapa, sete horas da manhã, andava por ali distraída em direção à rotina sempre torta. As pessoas com o passo devidamente simétrico em relação a sua vontade de ir para o trabalho e rimando sua respiração com a pressa. Quando dei por mim, estava diante de uma das cenas mais engraçadas que já vi na vida.

Na escada rolante, eis que surge O Mascote da Lapa. Assim como na Disney, O Mascote da Lapa também é um rato, só que cinza, pobre, faminto e fedorento. Achou de ir se divertir na escada rolante. Descia todos os degraus, no último descansava, até chegar novamente lá no topo da escada e depois correr de volta para, mais uma vez, assumir o seu sossego de degrau inferior. O rato ascendia sem querer, mas sempre voltava para o fim da escada, espantando todo e qualquer transeunte que ousasse enfrentar a sua presença. Os transeuntes, por sua vez, desafiavam a presença do rato só para não subir pela escada de concreto (que ficava logo ao lado) e para não fazer esforço nas pernas.

Doce engano. Os esforços para pular do rato, que descia saltitante e fazendo zigue-zague na escada rolante eram, talvez, bem maiores - e mais divertidos para a multidão que espiava de baixo e da qual eu fazia parte. As pessoas ensandeciam, desviavam, esbugalhavam os olhos, tremiam, se contraiam, pulavam de um pé só, seguravam umas nas outras, puxavam daqui, esticavam dali. Enquanto o rato vinha em sua direção, elas tentavam decidir sua postura conforme o passo indeciso da dança dele.

Coitadas! Entediantemente penteadas e limpas para o seu trabalho, toparam com o bicho sujo que veio quebrar o seu conforto-apático-de-escada-rolante com o movimento browniano digno dos roedores.

Tão logo o rato atingia o último degrau de baixo, as pessoas se livravam dele e lá em cima alcançavam o topo. Novamente ele começava a subir no giro da escada e uma nova leva de gente assumia seu posto inerte na escada, subindo logo atrás do roedor e crentes na ilusão de que ele não voltaria.

Passados alguns segundos, lá vem o rato! "Oh, abre alas que eu quero passar".
E é pulo, e é grito, e é salto, e empurra, e delira. Alguns, com medo irremediável da fera mamífera, voltavam escada abaixo na contra-mão das pessoas. Queriam ser rato também?

Não sei ao certo o que elas sentiam. Mas, mesmo com medo do primo pobre do Mikey Mouse, preferiam subir de escada rolante. Suponho que na tentativa de preservar sua preguiça ou então porque queriam se exercitar com o bailado do ratinho.

Seja lá o que tenha sido. Adorei ver essa cena e fiquei rindo o dia todo.
Queria dedicar o meu muito obrigada à prefeitura por esse investimento maravilhoso e de vanguarda. Uma gestão que se preocupa com o bem estar e que garante o divertimento das pessoas de manhã cedo, quando promove performances de ratos no chão.

Só não entendo porque investir também em pessoas deitadas no chão na companhia dos ratos. Ah! Mas, isso não importa. As pessoas não saltitam e nem dançam como ratos. Logo, não divertem ninguém. Então, quem se importa com elas?

DESSA VEZ EU NÃO FIZ SEU CAFÉ

O amor é agora
É a fonte que se consome
no ato, quando se bebe

O amor é hora
É sonho que se consuma
somente enquanto se tece

O amor é vapor
é um vulto que passa e se move
e comove quando bem entende

Dessa vez eu não fiz seu café...

Seu sono estava bonito
Ainda habitava o sonho
da dança da madrugada
E eu que cheguei do nada
apenas cobri sua pele
com o meu suspiro esticado
e um cobertor desbotado

Depois sai do seu sonho
sem pressa e sem barulho
achei a chave da porta
deixei outro beijo em seus olhos
e então, me embrulhei em suas costas
e disse um "bom dia" baixinho

Dessa vez eu não fiz seu café...

Te deixei namorando o seu sonho
fui no rumo do meu caminho
e parti com um riso na boca
achando o seu sonho bonito
só isso.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pra Ela

Quem é ela?
Quem sou eu sem ela?
Que sonho meu pode ser dela?

Qual a cor mais forte da tela
do desenho de sua alma
quando vista da janela?

Não sei que nome dar...

Quem inventou seu cheiro?
Quando é que acaba a saudade?
Onde será para sempre?

Serei eu a cicatriz
da vida que ela teve?
Serei eu a dor mais forte
que fez seu amor germinar?

Você é meu cais
minha estrada
a canção sem final
O ponto de chegada
Da minha falta de rumo

Você é sumo
da minha laranja
Eu sou seu erê
Você, minha santa

Te quero mais do que tudo
Em meu louco não-te-querer

Te quero pra muito
Te quero pra tanto
Te quero pra ontem
E depois de amanhã

Te amo
e para além do pecado
você é a minha maçã

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A BAGUNÇA QUE O AMOR ME FEZ

O meu Amor desorganizado
é doido, mas não é pouco.

Eu sei muito bem quem ele é...

Que o meu Amor é daqueles
que não dobra as roupas do armário.
Larga o copo na mesa da sala,
pisa o chão com os pés de areia
que chegaram salgados de praia.

Eu sei que ele deixa os pratos na pia,
que embola os lençóis da cama.
E como não embolar?
E se deita e se joga e não mede.

Eu sei, meu amor...

Meu Amor é daqueles que pede.
Que peca e sacode,
que dana e explode,
que entrega e lambuza
e se suja e não pensa.

Meu Amor é o mais limpo...

Meu Amor é o doce
que esqueci na despensa.
É o feijão temperado com alho e cebola.
Atenção que dedico a um conto. Um motivo.
A dedicação livre em prol de um sorriso.

O café derramado no fogão a lenha.
É um monte de livros não lidos na estante.
É a gaveta aberta, é o pé no sofá.
Os chapéus e sapatos fora do lugar.

É das folhas que eu planto...
O verde que não deixo de regar.

Meu Amor é a gafe.
Um acerto secreto.
É um bem do Universo.
Ele é fogo e fumaça.
Vai na força e na raça
e não rende e aprende,
aprofunda e me inunda.

E por tanto amar, se derrama,
se inflama, acredita e é ateu.
Meu Amor é a fonte de tudo.
Meu Amor é a carne dos sonhos.
É a vida e a morte...
e sou Eu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AGENDA

Explodir em outros lugares
Reciclar vícios
Batizar cálices
Desfazer metas
Deixar falir sentimentos
Atear fogo no mapa
Perder os caminhos da volta
Alarmar uma pandemia
Divulgar a comédia dos astros
Por em prática todo desastre
Se exercitar num palhaço
Amar muito coisa nenhuma
Se expor diante da farsa
Ventar forte no meio do incêndio
Escarrar bem na cara da sorte
Sortear qual desejo que vem
E beijar todo beijo que voe
E fazer de mim uma morada
Transportar meus verbos pro nada
E depois outra vez
outra vez

domingo, 2 de outubro de 2011

1000 bytes/ hora

Era da informação, avalanches de notícias e descobertas por dia.
Eurekas e mais Eurekas e, cada vez mais, o homem sabe menos de si, cego por ter poder, por ter dinheiro, por tirar proveito de tudo a seu favor e somente a seu favor (Porque não existe mais ninguém no mundo, só ele):

- "Ah! Um dia eu morro mesmo. E daí pro que vai acontecer com o planeta?"


Em sua velocidade cotidiana a mil (bites) por hora, recebe primeiras, segundas, enésimas informações e engole todas elas sem nem mastigar. Resultado, má digestão; indigestão. Seu cérebro não se alimenta daquilo que ele mesmo produz, pois o homem já não produz; só usa cartilhas, bulas e manuais e segue as cartilhas, bulas e manuais. Anda envenenado, coitado, do estômago aos desejos. Tanto recebe e adora rótulos, embalagens e quantidades, que aprende muito de tudo, menos de si próprio.

Como eu posso querer ter netos?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A MENINA QUE TINHA MEDO DE ESCURO

Meu bem,
Eu sempre fui mais
do que podiam prever
os tantos delírios banais
que a gente nem sabe viver

A minha graça é afeto
Meu codinome é amor
Desculpe se não consegui
encontrar rimas ricas
dos meus pecadinhos ateus
para os seus

Por pura inocência
ou por precaução
você só me dava um sim de brinquedo
Eu ia na contramão

Me lembro de quando você preferia
o arroz soltinho que só eu fazia
das nossas tardes sem fim
dos domingos sem faustão

Quando eu era violão
você vinha de surdo
Se eu falava em sentimentos
só ficava mudo

E na doce malícia
do seu braile amador
tateava as palavras
desse meu coração
Você não adivinhou, não...

Meu amor é a metáfora
um escravo da liberdade
E pelas brechas que o seu olhar me deu
pude ver sem vaidades
os seus segredos sem asas

Mas, digo e é verdade
eu nunca quis te aborrecer
e nunca houve tanto perigo assim

Um lugar ao sol é de se conquistar
não é decreto
E você já é mais um carinho
que mora aqui
em casa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011




Eu silencio o meu amor na canção, sonhando um dia que você escute a voz do meu silêncio.
No sabor mais doce dessa ilusão, quem sabe você não silencie comigo e se deixe cantar por mim.
Te canto... canto e você nem ouve. Creio e você nem vê.

Por que o chão tem que se perder dos meus pés?

Por que é que a centímetros, me sinto de outro planeta, te vejo a anos-luz?

O que mais eu poderia querer saber se é a dúvida que me conduz?

Eu não sei, eu não sei. Nem posso dizer que já fiz planos. Penso eu que só vivo no engano mais verdadeiro que já poderia. Como pode?

Por que os meus pés insistem no céu se há gravidade?

Por que o que eu sinto é tão grave?

O que é que me cabe?

Onde é que eu caibo?

Eu não vivo de 'ontens'. E nem saberia, sobretudo, quando ele nem me trás tanta alegria.
Não suponha delírios. Eu não sou tão normal a ponto de enlouquecer.
Mas, sou doida o bastante para poder perceber que em mim mora outra coisa, a qual não sei dar nome, não sei dar métodos, nem sei dar prêmios, nem dar objeto e nem insultar, e nem tanger fora, e nem nada...


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O REFERIDO PROBLEMA




Nasci tão torta, sem jeito
Nociva às boas maneiras
Das rodas de amigos, distante
Dos bailes, um par destoante

O fogo já não me cabe
Mas, ei de perder o brilho?
Quem sabe, amigo?
Quem sabe...

Não há confusão, nem alarde
Eu não faço parte da festa
Eu nunca fui muito dos bailes
Jamais saberia agradar
Não tenho talento pra isso

A vida me fez assim, outra...
Sem classe e sem salto
Sem rouge e sem vez
Lasciva e divorciada
De tantos critérios e leis

Entrei pra viver de penetra
No tempo, penetro e me perco
Invado as noites, as hora
E me embriago de insônia

Eu sou a ‘sem cerimônia’
Eu sou o voto indeciso
Um bem... bem mal-entendido

Sou celebridade das ruas
Personalidade da plebe
Mas sei que quem sabe
E viu meu carinho
Não me atribui devidas funções

Apenas me chama
Convida sem verbo ou burocracias
Me deita nos braços
Me ajeita num cheiro
Sem formas, ofícios e telefonemas
Sem assinatura, carimbo, registros

Por todos os que chamaram em nome
Daquilo que guardam em seu coração
Os que me queriam vestida de dama
Levando um sorriso na cara
E uma lamparina nas mãos

Não há cerimônia ou palavra
Que valem acordos de uma comissão?
Vocês que me querem
Que querem, de fato
Eu sempre serei maior do que um símbolo
Me guardem no peito
Na vida, no tempo

Esfreguem a lamparina
Que eu saio de dentro.


Um cheiro no coração de quem já sentiu o meu coração !

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PRONÚNCIA DO "EU" - PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR

Quero dizer em primeira pessoa
O nome do verbo
O pretérito imperfeito
E sem despeito
À terceira pessoa
Lhe digo e advirto:
Não faça pronúncia
Na pessoa que não lhe cabe
Se ponha em seu lugar
Conjugue em seu nome

Eu saiu ?
Ele saí ?

Não é bem assim...

Anúncios de renúncias
Se fizeram em nome
De pronomes que não cabiam
Ao “Eu” tão quieto
e tranqüilo em seu canto

Se o canto não mais comove
O “ele” se lance no espaço
Conjugue o seu tempo
Sua gafe, sua mágoa
Seu tremor, suas dores
E o que mais lhe convir

O “eu” nada tem com isso
Se lança e se canta
E se envolve onde cabe
Se expande, se inflama
Se move, comove
E arde onde anda
Porque sem verdade
A vida não vinga
Não voa, não vale

E o “eu” não se vende
Não vende bandeiras
Nem vende sorrisos sem rimas
Só sabe de si, do presente
da força de ser e estar

Assim, o anúncio real do “eu” que vos fala é:
Eu sou
Eu estou
Eu nunca disse que ia
Não digo agora que vou
Eu não sai
Nem jamais sairia

O “ele” é a bola da vez
O “ele” é o dono da bola
E essa pronúncia é só dele
Portanto, “ele” use
E conjugue em seu tempo
Em sua hora
Assuma em sua pessoa
O seu verbo frouxo
O seu DESCONVITE

- Jamais eu falei que iria
Não ouse lançar pela sua pronúncia
Palavras e verbos que o “eu” nunca te disse.


Agora sim... tenho dito!


SOL

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

DREAMING

Meu sonho tem bola, tem circo, tem cores
Tem folhas que não existem na realidade
Tem grandes amores acontecendo
E tem meu amor se tornando verdade

Meu sonho tem dias melhores
Florestas e águas
Tem fogo e dragões
Tem lendas e grutas

Meu sonho tem portas, portais e montanhas
Que enormes flutuam
Por sobre lagos e mares

Meu sonho é alado
Não tem pés, nem gravidade
É uma aula sobre o mistério da verdade

É meu tempo sem tédio
É um filme de enredo sem fim
É minha vida em outros planetas
História contada por uma criança

Meu sonhou sou eu, vivendo a criança
Sem hora marcada pra ir à escola
Sem obrigações irremediáveis

Meu sonho tem torres, castelos e aeronaves
Irreconhecíveis seres que sonham comigo
Meu sonho tem músicas que nunca ouvi
Tem a canção que procuro há tempos

Nado e vôo tal qual peixe e pássaro
que só posso ser enquanto adormeço
e vivo profundo o meu corpo
e o que ele quer eu conheço

Meu sonho tem a criatura que eu amo
dividida em duas partes quase iguais
Para um poder ir embora
E o outro ficar comigo um pouco mais

O meu sonho tem disso
Tem efeitos de outros mundos
Tem cenários especiais
Tem a vida palpando o desejo
E fazendo com que ele aconteça

O meu sonho é o onde perfeito
É o quando que eu quero
O que na vida tem sido improvável
E espero que um dia ele acorde junto comigo
Quando eu acordar para o dia

Acordei...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

FÉ II

Para mim
tudo o que é natural
é divino

Por isso
que a Palavra de Deus
me vem através do silêncio
sem impressões
sem tinta ou rascunhos

sem desacordos
sem sacerdócio
sem ego
ou sem culpas

sem inquisição
desatino
honra
ou inquérito

Ouço no transe
das sem-palavras
dos sem-sentidos
no sentir
dos mais amplos

Ouço na Vida
cheirando meus sonhos
no grito do alívio
e do meu despertar

Ouço por dentro
e de dentro e profundo
ouço o divino
por não escutar

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ali, né?

Quando eu me vejo
eu te vejo ali
num abraço líquido
e nos sons que a vida faz

Quem sabe se um dia
eu te encontro por lá
nos sonhos de um mundo de fogo
à beira de qualquer lugar

Mesmo que o mapa astral
dê palpite em meu destino
para quem quiser saber
qual é meu rumo, o meu caminho

Eu só respondo:
deixa eu quieto quietinho
que eu to aqui
no meu cantinho

Eu quase calmo
eu sem consolo
eu quero é te encontrar fora daqui
eu quero é viver dentro de Ali

Porque Ali é o meu cantinho
é por Ali que eu canto um sonho
é logo Ali que eu vou morar
é para Ali todo o carinho

É bem Ali o meu cantinho
Ali no coração de Ali...
...Ali no coração de ...
...Ali no coração de ...
...Ali no coração de Ali...
No coração de...

Aqui tem um segredo
bem guardado para além.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O dia da caça é seu, caçador.

A criatura é daquelas, do tipo que tem essência de caçador de qualquer coisa, menos de futuro.
Isso... tem alma de caçador de paixões, porque paixões são coisas sem futuro.

Mas, é aí que mora o problema:
- O caçador gosta de paixões ou de coisas sem futuro?
Ou será que é por causa disso (por gostar de coisas sem futuro) que fica forjando armadilhas onde ele mesmo é a presa?
Presente tem futuro?
Para que serve o futuro?
Se o futuro não serve para nada, paixões servem para alguma coisa?

Assim ele vai.. ele, o caçador: forjando, fingindo, sabotando o seu próprio engenho, na fé de que um dia, quem sabe, alguma armadilha não seja a sua - aquela sua velha armadilha comedida - e ele não saiba do des-enredo para sair de um ProjetoSemFuturo, criado por outro bicho e destinado ao Para Sempre - pois, ParaSempre é NãoDarCerto, ParaSempre é não saber se safar da armadilha... E ele não estará fadado a nunca mais falhar, a nunca mais vencer.

Eis o dia da caça !

sexta-feira, 3 de junho de 2011

EVANESCER

Em relação ao passado, toda geração é moderna.
Mas, se falarmos de futuro, qualquer geração é ingênua.

Que saudade dos tempos em que o fim da tarde fazia frio !!!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ALGUMA MÚSICA PASSOU POR AQUI

Alguma música passou por aqui...

Estou sentindo o cheiro
Ela deixou seu rastro
E o gosto de sua pele me sai agora na boca
E suas sensações penetram-me pelos poros

Alguma música passou por aqui...

Eu percebi seu tato
Deixou um recado no tempo
A casa ficou mais tranquila
As plantas esverdearam
os medos transfiguraram

Alguma música passou por aqui...

E eu sem saber o seu nome
Sem saber do seu pulso ou identidade
Me perco e me encontro tentando forjá-la
Querendo fazê-la outra vez -para sempre -
Penetrar sem licença portas minhas adentro
Invadir de uma vez essa casa onde vivo
E fujir para o corpo e o centro de mim

Alguma música passou por aqui... abriu alas...
E nunca mais foi embora.

sábado, 21 de maio de 2011

Por que que as canções falam tanto de amor e tão pouco de morte
E por que é que esse amor que está nas canções
sempre consiste em se ter alguma coisa de posse

O que se há de possuir depois que se morre?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

DE BOA

Viver nada mais é do que pagar caro para morar dentro da Terra enquanto ela dá alguns tantos de volta em torno do Sol, depois de um papôco que teve em qualquer lugar, que ninguém sabe onde é, nem se tem data, nem se tem nome, nem tampouco o responsável, nem se tem mês e hora de acabar...

A questão é:

Ir girando.
Girando, girando, girando... e escolher uma coisa - qualquer coisa - para se preocupar muito (não é ocupar); o máximo que puder.
O seu cabelo está feio... e o Sol continua caindo.
Os seus medos vão crescendo... e o Sol está subindo.
E você se aborrecendo... e o Sol permanece brilhando.
Você precisa de um emprego fixo... e o dia amanhecendo.
E o chão está se tremendo
E você cambaleando
E as coisas lá fora subvergindo
Se des-entropecendo e convergindo
Onde o bicho terráqueo vestido
que pensa que sabe que pensa
não soube por sua bandeira
e seus pés
seus pés de asfalto
calçados de chumbo

Depois o Quixote é que é doido
desvarrido ao relento
por moinhos sem juízo
e cabeças de vento

Bom...
Já Existir... Existir é outra história.
Existir não tem conversinha não!

Existir É e pronto!!!

JUSTIFICATIVA INÚTIL

Por que eu canto?
Porque eu não sei falar
e cantando eu digo melhor
tudo aquilo que, se falado,
pode soar tão intranquilo.

Porque se eu canto,
eu não digo é nada.

Eu canto, porque preciso sangrar.
Eu canto, porque preciso.
Porque mereço qualquer janela
que me bote pra fora de mim.
Porque se não tenho porta aberta,
não posso acessar esse lar que Sou eu.

Eu canto, porque é assim que eu sei mimar Deus.
Eu canto... porque é isso...

E pra isso
(eu sei, acabei de notar)
faço uso dos sons,
de acordes e abismos,
de autismos e flores,
das cifras das minhas dores,
de odores e ouvido,
de barulhos e entulhos,
e idéia,
e silêncio,
e meu útero.


.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Miss Tério

O Mistério é um jogo sem fim
e, como não tem fim, não há resolução
Não há perdedores ou vencedores
Só há um impulso contínuo
de um enigma a ser decifrado

Toda mulher é um mistério... Miss Tério.
Decifra-me e me devore.

terça-feira, 5 de abril de 2011

SAUDADE ITINERANTE

Com você tenho vivido o que se pode chamar de saudade pura. Daquelas sem ansiedade, sem nodas de aflição, sem dependências. Nossa saudade se distrai do tempo e vive só por si. Ela é o que é e se permite assim: saudade... sem maiores méritos e medos.

Nossa saudade é um clown: o grande perdedor; o que se basta na gafe de ser.

Assim, dos nossos encontros, não vingam maiores êxitos.
Simplesmente, outro palhaço ganha a ação no picadeiro, sabendo que um próximo virá adiante. Só isso.
O nome desse?
Presença.
O palhaço que vem adiante?
Saudade.

Então, sentimos a presença. Afinal, há que se sentir cada parto a sua vez (em parte, dor; em parte, luz... e só mulheres o sabem).
Nossa presença se torna ilustre sempre, sendo assim. Só porque sempre nos conhecemos pela primeira vez em todo encontro. Sempre se dá qualquer coisa primeira. E nova.

Aqui, aí, ali, em qualquer lugar, seremos sempre o circo itinerante; daqueles, cujos avós ainda são nômades prestes a falir porque o dinheiro engoliu a arte; daqueles que ainda possuem animais proibidos enjaulados, como os leões; daqueles que voltam os mesmos de tanto serem tão outros.

Aqui tem um leão só para você balançar-se e seduzi-lo, passo a passo, jaula afora.... no mundo, no circo e além.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ECLIPSUTILEZAS

Os olhos de Iaiá
as versões femininas
das cores de Chico

Os olhos de Iaiá
quando encontram os meus
dizem tudo o que eu digo

Os olhos de Iaiá me lembram
a plantação dos girassóis
Nos olhos de Iaiá me vejo
Me vejo e vejo o que eu sinto em nós

Os olhos de Iaiá
quando entram nos meus
falam disso que eu digo:

Se a Lua é onde o Sol espelha
a sua essência de mulher
Quando é que imaginaria
Poder fazer um dia assim
Acontecer um eclipse
de Iaiá em mim

Se o Sol é a luz que a Lua brilha em si
e vira lenda em meu olhar
Como é que eu não poderia
desejar enfim um dia
Ser um eclipse da minha vida em (ti)
Iaiá, Iaiá, Iaiá,
Iaiá e eu...

sábado, 2 de abril de 2011

É NISSO QUE DÁ FICAR SEM CELULAR

.


Rodei o Campo Grande todo
Ponta a cabeça
De fora a fora
Tudo pra achar um orelhão
E te ligar naquela hora
Já não fazem orelhões como outrora

Oh que saudade que eu tenho do tempo das fichas!

O sol me sapecando o couro
em pleno meio-dia
mas eis que chega minha sorte
ainda que tardia
Ali na esquina da baiana
filha da cidade maravilhosa
aquela mesma baiana
que vende acarajé com soja

Bem ali na rua do teatro
que tem nome de poeta
Tava lá
O orelhão
que aliás
nem deu conexão

De tanto pensar em você
e tão forte
Quase que disco seu nome
em vez do número
só não me pergunte como

Queria contar logo
a novidade que vi
nas curvas do pensamento
enquanto Jah me contava
e cantava o seu silêncio
e o mundo assim se calava
só porque eu não ouvia
seus excessos de buzina

Em seguida eu me dizia:
“Viver é a coisa mais gostosa
que existe na vida!”

Duvida?
Eu não!

Só pelo simples prazer
de poder vos dizer
tudo isso em canção
Aqui dentro da selva urbana
onde telefone público
é bicho em extinsão

Precisava dizer isso
antes que contratempos e concretos
imbaçassem de vez minha fé
E sabia que minha empreitada
era pra não te privar de ouvir
até ali, o que eu sentia
então, se não tive um orelhão
eu fiz essa melodia.

sábado, 19 de março de 2011

LUA, um ser travesti

Hoje é um dia em que ELA chegou mais perto
está se exibindo em minha janela
e os amantes fingindo mais zelo
(entre si)
só para lhe agradar
forjam a sua beleza
quando lhe apreciam as faces
mirando uma monalisa na tela

- "Ah, se você me fosse mais próxima. Imagine o quanto eu ia te espelhar..."

É por isso que eu digo:

A Lua não passa de uma travesti !
(Por isso que todo mundo ama)

quarta-feira, 16 de março de 2011

EU Reka

Tem dias que ela some
E eu penso que o tempo engoliu
Ou que está ruminando
em algum leito de homem

E eu penso que é dessas
E eu penso que é daquelas
E eu penso que é das minhas

Depois dispenso tudo quanto é pensamento
Desalinho os passos
Pacifico as linhas

E nas inglórias do que somos eu
me atrevo e confesso:
Só foi descobrir que eu sou eu
que tudo deu certo

segunda-feira, 14 de março de 2011

SABONETE DE ARGILA COM ERVAS DA CAMPINA

Aqui tem erva, aqui tem argila, aqui tem essência, tem Essência, tem cor, tem coração, tem afeto, tem pedaço de Capão; tem o que você quiser que tenha.

De repente, estou eu lá, naquele mato, tão segura da minha natureza selvagem, do quanto sou água; tão segura do quanto eu me mereço. É só conversar com o Todo desprovido de nossas invergonhas e vestimentas inúteis que a Paz chega. E foi isso que eu senti: PAZ.

Hoje, acredito que posso acreditar que o Amor tem esse cheiro. O mundo, se quiser e puder, que vá melhorar sua fedentina. Ali eu era só Paz. E cheirava!

Então, se Amor tem cheiro de Paz, a Paz tem todos os seus cheiros guardados naquele lugar.

Eis que me surge a lembrança de que mais criaturas podem combinar com aquele silêncio de mato, porque carregam esse silêncio dentro de si: preá, lagarto, pedras, cobras, fontes, formigas, quedas, crianças, lama... É um silêncio de vida.

No meio de tudo isso (e da incapacidade das palavras exprimirem o real teor do que eu senti e vi), você também fez parte do meu silêncio e dos seres que combinam com ele.

Obrigada! Ver você existir é bonito!

Profunda e levemente,

SOL.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quando essa alguma coisa tem fim

O maior medo que eu tenho na Vida
é de morrer sem ter aprendido nada.

Talvez, eu saiba e nem saiba ver
ou
Lá na hora é que eu vou saber!

O meu próprio nome próprio

Essa coisa de me chamarem de sol o tempo todo
ainda vai acabar me transformando nisso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CABRUNCA

Minha mulher,
passei para beijar-te:
os olhos e o ventre,
ouvir seu filho e meu aborto,
suas regras e meu consolo,
sua sorte e minha sina.

Minha menina,
saltei para ser mais uma,
não tinha bilhete de volta.
Gastei o que tinha em cerveja,
no bar não vendia vacina.

Passei os olhos na mesa,
você roubou minhas cartas,
você arruinou meu azar,
me deixou roxa e sem graça.


Volte, Vaca! ou
Vá se lascar!

domingo, 30 de janeiro de 2011

ANTI VIRTUDE

Eu adoro quem não escolhe o que come. Só come.
Eu só como o que me escolhe.
E o que me escolhe não diz que escolhe, nem se dá nome, nem cargos de confiança.
Quem escolhe não sabe que escolheu. Só fica ali me comendo os sentidos e eu descomendo as horas, ruminando os sonhos. É isso mesmo.

Eis a minha grande anti-virtude: o meu cio não me controla.
Apesar de eu também não controlar o meu cio.

Hoje, enfim, eu estou aqui distraída.
E não preciso do seu endereço.