sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Casulo Papilônio



Vai, Amor!
Avia!
Sai daqui de dentro
e encerra essa agonia.

Eu sou casulo, você borboleta.
Hoje é seu dia, único dia.

Portanto, trate logo de voar pro fim
e faça valer essa explosão de Eu,
que se deu
em mim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Carne da Carne

Os ideais de modernidade tendem a eliminar o verde e abafar a Vida embaixo do concreto, como a ser o concreto a coisa que há de mais essencial.

 Pois...

 Como pode haver riqueza na Vida sem o cheiro da pureza de uma planta, quando esta brota independente no chão? A Natureza é que sabe das suas vontades próprias. Nós, somos apenas carne da sua carne.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Vai lacrimejar num samba, vai !

Há de haver compaixão
 para aqueles que dizem Não?

O anti- herói desgarrado da trama,
veio abraçar a escolha;
mirar no fundo do peito
 flor que nasce da lama.

E assim foi que pediu perdão
por não ser bom moço a todo momento,
no desenrolar desse enredo Vida:
da cena morte até o nascimento.

"Un coeur a fleur de peu.
Ne suffre pas, mon ami."

Digo não porque mereço,
porque como as crianças que vivem de pés no chão, eu aprecio muito mais as brincadeiras que me ascendem o corpo, me enchem de ar e inauguram em mim sempre um novo Silêncio.

Coisas como essas que sequestram toda a atenção para esse lugar onde não há certo ou errado; onde eu não preciso impressionar ninguém, nem acertar a combinação entre a blusa e o sapato; onde  não preciso agradar para ser aceito; ou dizer sim quando não estou com a verdade nisso.

Simplesmente...
- "Licença aqui, que eu só quero ser Eu."

Se isso incomoda,
vai lacrimejar num samba, vai!

domingo, 18 de outubro de 2015

In-Visível

O mundo anda cheio, inchado.
Há muitos conflitos nas fronteiras.
Há muitos perigos na rua;
ali do lado de fora,
mais dentro do que se pensa,
no vão do desconhecido.

Aqui, do lado de dentro - morada que me habita,
o mundo é só essa hora:
cenário do Invisível,
que indizivelmente
acontece.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ninguém & Alguém


E para além da pré-ocupação de providenciar o ter-aonde-cair-morta,
Quero é seguir na fé de me erguer viva a cada dia.

Abrir as portas cedo, 
deixar o sol entrar.

Quero plantar uma horta.
Esverdear presença.

Deixar o Amor.
Partir.
 Em boa hora.

Fazer caminho de novo.
Chegar ali, além, alado.

Abandonar as roupas e as garrafas secas,
encher meu corpo d'Água sem medir as vontades.

Nos permitir leveza...
Louvar em cada um
o que ninguém nem vê.

Deixar de mim aquilo que não dá precisão
e se espalha no Tempo,
no Vento,
no Coração,
nos brotos,
na Primavera.

Só as crianças sabem:
Que o poema jamais precisou de romance.

A poesia precisa é de cheiro,
A poesia precisa é de planta,
Porque o salão da Beleza não tem solidão. 
E a poesia se doa, pelo Sim, pelo Não.
E não pede troco, nem troca.
Já que pode abrir-se e aceitar de si o que vier,
sem medo.

Ninguém deu nada a Alguém.
Alguém nem viu...

E pra terminar essa estória... Era uma vez!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Em romance com a Presença





As Ervas me abrem os portais do espírito,
 os tantos espíritos que me São.
Sinto isso todos os dias...

Planeta Terra,
eis aqui eu me encontrando a percorrer missão,
a caminhar Tua pele morena
de ascendência Tupinambá.

Eu te agradeço a imensa chance de viver o Amor.
E todo dia escolher mote, enredo e presença -
o romance tranquilo de quem contempla.

Vamos sem pressa...
O que seria de mim se não fosse o som?
O que seria de mim se não fosse o irmão ?

Lado aliado agora vem despertar o querer: vida, viola e coragem.
Pra viajar minhas veias, ir lá no fundo e voltar.
Compreender, entregar, beijar sem medo -
feito criança.

O meu lugar tem história
sendo o que É, do seu jeito.
E anuncia dentro de mim:
 Quero viver o meu sangue!!!

Quero curtir minha peles também,
saber deixar para trás, ir além.
Saber despir quando for necessário,
feito serpente a deixar rastro d'alma,
tecendo o fio entre o chão e o infinito

itinerário.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Oração do Amanhecer-se



Amor,
Rio perene das cores
Que segue pro oceano da Luz
Ensina-me o dom das correntes
A permear a dureza das pedras
E reconhecer a leveza na queda
Pra não me perder dessa fé que conduz.

Nascente criança
Me mostra o caminho cristalino.
Nas profundezas escuras
Que eu possa encontrar tua voz.

Serena Guiança do colo da Mãe,
Desperta o meu dia
Liberta o destino
Eu sou o que Vocé É.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

in cyber prosa

 - "amor."


- "Eu."


- "como está tu?"


- "Hoje, bem profunda."


  😀
    - "vai pro rio quando?"


- "Segunda."





(entre eu e Pedrinho)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Um em Dois



Amor. Sexo.
Não entendo a bipartição.
Compreendo os dois como Um.
E digo mais: sinto.

O ato em si é rito, oração de pele, dança...
Um deixar-se ver em Luz. Partilha.

Não sei porque das dicotomias.
Não sei de urgências e carências, se o que chama é a alma.

Almas e corpos se embalam e bailam compasso líquido.
Sons procriam a ternura. Dengo, dengo, dengo...
 A festa do cheiro!

Eis o querer que me quer, lá de longe, onde o ego não alcança.
Não há disputas e nem necessidade de ser o conquistador.
Não há nada nem ninguém a ser conquistado quando o Amor é o movimento, se o UM está no dois.
E se há Amor, tudo converge.

E nessas horas não basta saber dar.
Não basta repetir mil vezes para si o quanto se é capaz de ser assistencial com o outro.
Receber também é dom. É bom!

Abrir o peito é uma arte.
Arte é o que faz abrir o peito.



sexta-feira, 10 de abril de 2015

segunda-feira, 16 de março de 2015

O MANIFESTO DO AMOR MUDO



Há dias que nos são dados como presente, oportunidade de escancarar peito. Ainda assim, cada dia é uma peleja. Oras mais tranquila, oras mais fervida.

Por vezes, sinto que o Amor é o desafio. E ele - que de coitado não tem nada - anda mudo em cada esquina onde se encontra um protesto, uma pedrada, uma difamação contra a classe do outro; contra alguém que governa o que já está mais do que desgovernado.

Quanto a mim, sigo cantando, para tentar dar voz ao Amor. Mas, tem horas que só as cartas-de-amor mesmo. Dessas mais afins, sem melindres de melancolia, sem chorosidades, sem jogos, esquivas, ou exageros de festa urbana.

O que sei é que só preciso dizer Sim.
Eu quero aceitar. E aceito, antes de tudo, o Amor dentro de mim, me habitando as vísceras para que elas não fiquem pálidas. 
Acolho o Ego como posso e digo para ele mesmo:
- "Se suporte nas pernas em horas bambas, quando o barranco desabar, ou se for preciso fazer acrobacias cronológicas".

Mais uma vez, Orientação é a palavra que eu peço. Invoco de lá de dentro de mim a fim de admitir que posso SIM viver de pele e cumplicidade, pois isso está para lá dos méritos, merecimentos, ou alegorias curriculares. Eu posso sim viver o Amor, exatamente onde em mim há mais palhaçada do que sensualidade. Posso viver o Amor, porque tenho disposição.

Sou de uma entrega funda, larga, feito fonte, feito ponte. 
E pode ser que isso acabe, quem sabe...
 Mas, qual é mesmo a gravidade do fim? 
Pode ser que no primeiro inverno sobre água para tanto fogo deixado pelo verão. E quem poderá sanar o fim das coisas, se todas as coisas um dia vão ter fim? Ou por acaso alguém ainda espera que exista analgésico? 

As coisas só sabem ser o que elas são. E é exatamente pelo fim que terão, que carecem de um começo para poderem ser coisa. Caso contrário, ficam só pairando na atmosfera dos delírios quânticos e suas infinitas possibilidades.

Do Destino eu não sei, ou sei muito pouco. Mas, o aceito também, como aceito o Amor me habitando. E apesar da fé de tê-los de mãos dadas ao longo de todo o caminho (o Amor e o Destino), creio que só mesmo vivendo o caminho para se saber destino. Pode ser que seja o caso de simplesmente estar vivo em pulso cheio. 

E aliás, me passa também que viver é simples demais, como sentir o sabor do que se come. Sem gula e sem pressa, por favor! Pois, já está mais do que claro que isso de empanturrar-se nunca alimentou ninguém. 

Quero amar sim, juntando a sede ao tamanho do pote... 
Deixando que o cheiro anuncie que a delícia antecede o prazer de morder a carne.

  A porta já está aberta. Mas, não sou boa nisso de lançar olhares de sedução marcante, ensaiada na frente do espelho embaçado do banheiro. Sei mesmo é fechar os olhos e me deixar guiar pelo pulso natural do Bem-Querer, porque esse sim me mostra tudo o que não se pode ver - sem embaraços. 

Não sei declarar o Amor em verbos rebuscados. Só sei fazer piada e apreciar o peito palpitando quando aquela pessoa querida ri das minhas graças, fazendo com que elas pareçam maiores do que são.

Agora me parece que nem as portas existem mais... 
eu sou o quintal inteiro, cheio de chão, cheio de Sim.

"Vem me regar, Mãe!"