terça-feira, 11 de outubro de 2011

A BAGUNÇA QUE O AMOR ME FEZ

O meu Amor desorganizado
é doido, mas não é pouco.

Eu sei muito bem quem ele é...

Que o meu Amor é daqueles
que não dobra as roupas do armário.
Larga o copo na mesa da sala,
pisa o chão com os pés de areia
que chegaram salgados de praia.

Eu sei que ele deixa os pratos na pia,
que embola os lençóis da cama.
E como não embolar?
E se deita e se joga e não mede.

Eu sei, meu amor...

Meu Amor é daqueles que pede.
Que peca e sacode,
que dana e explode,
que entrega e lambuza
e se suja e não pensa.

Meu Amor é o mais limpo...

Meu Amor é o doce
que esqueci na despensa.
É o feijão temperado com alho e cebola.
Atenção que dedico a um conto. Um motivo.
A dedicação livre em prol de um sorriso.

O café derramado no fogão a lenha.
É um monte de livros não lidos na estante.
É a gaveta aberta, é o pé no sofá.
Os chapéus e sapatos fora do lugar.

É das folhas que eu planto...
O verde que não deixo de regar.

Meu Amor é a gafe.
Um acerto secreto.
É um bem do Universo.
Ele é fogo e fumaça.
Vai na força e na raça
e não rende e aprende,
aprofunda e me inunda.

E por tanto amar, se derrama,
se inflama, acredita e é ateu.
Meu Amor é a fonte de tudo.
Meu Amor é a carne dos sonhos.
É a vida e a morte...
e sou Eu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AGENDA

Explodir em outros lugares
Reciclar vícios
Batizar cálices
Desfazer metas
Deixar falir sentimentos
Atear fogo no mapa
Perder os caminhos da volta
Alarmar uma pandemia
Divulgar a comédia dos astros
Por em prática todo desastre
Se exercitar num palhaço
Amar muito coisa nenhuma
Se expor diante da farsa
Ventar forte no meio do incêndio
Escarrar bem na cara da sorte
Sortear qual desejo que vem
E beijar todo beijo que voe
E fazer de mim uma morada
Transportar meus verbos pro nada
E depois outra vez
outra vez

domingo, 2 de outubro de 2011

1000 bytes/ hora

Era da informação, avalanches de notícias e descobertas por dia.
Eurekas e mais Eurekas e, cada vez mais, o homem sabe menos de si, cego por ter poder, por ter dinheiro, por tirar proveito de tudo a seu favor e somente a seu favor (Porque não existe mais ninguém no mundo, só ele):

- "Ah! Um dia eu morro mesmo. E daí pro que vai acontecer com o planeta?"


Em sua velocidade cotidiana a mil (bites) por hora, recebe primeiras, segundas, enésimas informações e engole todas elas sem nem mastigar. Resultado, má digestão; indigestão. Seu cérebro não se alimenta daquilo que ele mesmo produz, pois o homem já não produz; só usa cartilhas, bulas e manuais e segue as cartilhas, bulas e manuais. Anda envenenado, coitado, do estômago aos desejos. Tanto recebe e adora rótulos, embalagens e quantidades, que aprende muito de tudo, menos de si próprio.

Como eu posso querer ter netos?