segunda-feira, 21 de novembro de 2011

POEMINSK

Você me enche o peito...
minha alma esquece
que há gravidade:
Existo.

Liberdade é isto!

sábado, 19 de novembro de 2011

TAMBORES E AMORES

Se você vai regar
eu fico
E vou com você na boa
Conjugo na vida e em versos
Os plurais da nossa pessoa

Se você quer dançar
Eu rimo
E animo a pensar que posso
Solto o meu corpo e lanço
Minha sorte inteira em seus braços

Se você quer tocar
Eu canto
E invento um país permitido
Com amores e sem gravidade
Onde o vôo é o passo mais lindo

Se você me chamar
Eu toco
Os tambores de um samba nosso
Os rumores da minha explosão
Meu amor através da canção
Atravesso o tempo e o espaço
Quebro teorias e copos

E me esbaldo, e me excedo, e te levo
E te bebo, e te mimo, e dou saltos
E me deixo, me deixo, me deixo
E acredito, e te envolvo e confesso:
Você é o meu sonho que veio.

domingo, 13 de novembro de 2011

Déjà Vu de Amanhã

Amanhã? Eu já não sei.
Já pensei, tentei
Mas hoje eu sei
que de amanhã eu não sei
da cor que o céu terá
ou se o sol virá dizer a mim
a quantas anda o Japão

Se o amor for penhorado
ou meu humor ficar nublado
Se aquela criatura vem me visitar
Será?

De amanhã eu já não sei...
Não sei para onde vão meus passos
Se eu me despeço e volto em casa depois

Pare de me olhar com cara de déjà vu, já vou.
Até mais tarde!
Se mais tarde houver, até...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O MASCOTE DA LAPA

Quinta-feira, Estação da Lapa, sete horas da manhã, andava por ali distraída em direção à rotina sempre torta. As pessoas com o passo devidamente simétrico em relação a sua vontade de ir para o trabalho e rimando sua respiração com a pressa. Quando dei por mim, estava diante de uma das cenas mais engraçadas que já vi na vida.

Na escada rolante, eis que surge O Mascote da Lapa. Assim como na Disney, O Mascote da Lapa também é um rato, só que cinza, pobre, faminto e fedorento. Achou de ir se divertir na escada rolante. Descia todos os degraus, no último descansava, até chegar novamente lá no topo da escada e depois correr de volta para, mais uma vez, assumir o seu sossego de degrau inferior. O rato ascendia sem querer, mas sempre voltava para o fim da escada, espantando todo e qualquer transeunte que ousasse enfrentar a sua presença. Os transeuntes, por sua vez, desafiavam a presença do rato só para não subir pela escada de concreto (que ficava logo ao lado) e para não fazer esforço nas pernas.

Doce engano. Os esforços para pular do rato, que descia saltitante e fazendo zigue-zague na escada rolante eram, talvez, bem maiores - e mais divertidos para a multidão que espiava de baixo e da qual eu fazia parte. As pessoas ensandeciam, desviavam, esbugalhavam os olhos, tremiam, se contraiam, pulavam de um pé só, seguravam umas nas outras, puxavam daqui, esticavam dali. Enquanto o rato vinha em sua direção, elas tentavam decidir sua postura conforme o passo indeciso da dança dele.

Coitadas! Entediantemente penteadas e limpas para o seu trabalho, toparam com o bicho sujo que veio quebrar o seu conforto-apático-de-escada-rolante com o movimento browniano digno dos roedores.

Tão logo o rato atingia o último degrau de baixo, as pessoas se livravam dele e lá em cima alcançavam o topo. Novamente ele começava a subir no giro da escada e uma nova leva de gente assumia seu posto inerte na escada, subindo logo atrás do roedor e crentes na ilusão de que ele não voltaria.

Passados alguns segundos, lá vem o rato! "Oh, abre alas que eu quero passar".
E é pulo, e é grito, e é salto, e empurra, e delira. Alguns, com medo irremediável da fera mamífera, voltavam escada abaixo na contra-mão das pessoas. Queriam ser rato também?

Não sei ao certo o que elas sentiam. Mas, mesmo com medo do primo pobre do Mikey Mouse, preferiam subir de escada rolante. Suponho que na tentativa de preservar sua preguiça ou então porque queriam se exercitar com o bailado do ratinho.

Seja lá o que tenha sido. Adorei ver essa cena e fiquei rindo o dia todo.
Queria dedicar o meu muito obrigada à prefeitura por esse investimento maravilhoso e de vanguarda. Uma gestão que se preocupa com o bem estar e que garante o divertimento das pessoas de manhã cedo, quando promove performances de ratos no chão.

Só não entendo porque investir também em pessoas deitadas no chão na companhia dos ratos. Ah! Mas, isso não importa. As pessoas não saltitam e nem dançam como ratos. Logo, não divertem ninguém. Então, quem se importa com elas?

DESSA VEZ EU NÃO FIZ SEU CAFÉ

O amor é agora
É a fonte que se consome
no ato, quando se bebe

O amor é hora
É sonho que se consuma
somente enquanto se tece

O amor é vapor
é um vulto que passa e se move
e comove quando bem entende

Dessa vez eu não fiz seu café...

Seu sono estava bonito
Ainda habitava o sonho
da dança da madrugada
E eu que cheguei do nada
apenas cobri sua pele
com o meu suspiro esticado
e um cobertor desbotado

Depois sai do seu sonho
sem pressa e sem barulho
achei a chave da porta
deixei outro beijo em seus olhos
e então, me embrulhei em suas costas
e disse um "bom dia" baixinho

Dessa vez eu não fiz seu café...

Te deixei namorando o seu sonho
fui no rumo do meu caminho
e parti com um riso na boca
achando o seu sonho bonito
só isso.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pra Ela

Quem é ela?
Quem sou eu sem ela?
Que sonho meu pode ser dela?

Qual a cor mais forte da tela
do desenho de sua alma
quando vista da janela?

Não sei que nome dar...

Quem inventou seu cheiro?
Quando é que acaba a saudade?
Onde será para sempre?

Serei eu a cicatriz
da vida que ela teve?
Serei eu a dor mais forte
que fez seu amor germinar?

Você é meu cais
minha estrada
a canção sem final
O ponto de chegada
Da minha falta de rumo

Você é sumo
da minha laranja
Eu sou seu erê
Você, minha santa

Te quero mais do que tudo
Em meu louco não-te-querer

Te quero pra muito
Te quero pra tanto
Te quero pra ontem
E depois de amanhã

Te amo
e para além do pecado
você é a minha maçã