sábado, 21 de maio de 2011

Por que que as canções falam tanto de amor e tão pouco de morte
E por que é que esse amor que está nas canções
sempre consiste em se ter alguma coisa de posse

O que se há de possuir depois que se morre?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

DE BOA

Viver nada mais é do que pagar caro para morar dentro da Terra enquanto ela dá alguns tantos de volta em torno do Sol, depois de um papôco que teve em qualquer lugar, que ninguém sabe onde é, nem se tem data, nem se tem nome, nem tampouco o responsável, nem se tem mês e hora de acabar...

A questão é:

Ir girando.
Girando, girando, girando... e escolher uma coisa - qualquer coisa - para se preocupar muito (não é ocupar); o máximo que puder.
O seu cabelo está feio... e o Sol continua caindo.
Os seus medos vão crescendo... e o Sol está subindo.
E você se aborrecendo... e o Sol permanece brilhando.
Você precisa de um emprego fixo... e o dia amanhecendo.
E o chão está se tremendo
E você cambaleando
E as coisas lá fora subvergindo
Se des-entropecendo e convergindo
Onde o bicho terráqueo vestido
que pensa que sabe que pensa
não soube por sua bandeira
e seus pés
seus pés de asfalto
calçados de chumbo

Depois o Quixote é que é doido
desvarrido ao relento
por moinhos sem juízo
e cabeças de vento

Bom...
Já Existir... Existir é outra história.
Existir não tem conversinha não!

Existir É e pronto!!!

JUSTIFICATIVA INÚTIL

Por que eu canto?
Porque eu não sei falar
e cantando eu digo melhor
tudo aquilo que, se falado,
pode soar tão intranquilo.

Porque se eu canto,
eu não digo é nada.

Eu canto, porque preciso sangrar.
Eu canto, porque preciso.
Porque mereço qualquer janela
que me bote pra fora de mim.
Porque se não tenho porta aberta,
não posso acessar esse lar que Sou eu.

Eu canto, porque é assim que eu sei mimar Deus.
Eu canto... porque é isso...

E pra isso
(eu sei, acabei de notar)
faço uso dos sons,
de acordes e abismos,
de autismos e flores,
das cifras das minhas dores,
de odores e ouvido,
de barulhos e entulhos,
e idéia,
e silêncio,
e meu útero.


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