quarta-feira, 4 de maio de 2011

JUSTIFICATIVA INÚTIL

Por que eu canto?
Porque eu não sei falar
e cantando eu digo melhor
tudo aquilo que, se falado,
pode soar tão intranquilo.

Porque se eu canto,
eu não digo é nada.

Eu canto, porque preciso sangrar.
Eu canto, porque preciso.
Porque mereço qualquer janela
que me bote pra fora de mim.
Porque se não tenho porta aberta,
não posso acessar esse lar que Sou eu.

Eu canto, porque é assim que eu sei mimar Deus.
Eu canto... porque é isso...

E pra isso
(eu sei, acabei de notar)
faço uso dos sons,
de acordes e abismos,
de autismos e flores,
das cifras das minhas dores,
de odores e ouvido,
de barulhos e entulhos,
e idéia,
e silêncio,
e meu útero.


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