quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O MASCOTE DA LAPA

Quinta-feira, Estação da Lapa, sete horas da manhã, andava por ali distraída em direção à rotina sempre torta. As pessoas com o passo devidamente simétrico em relação a sua vontade de ir para o trabalho e rimando sua respiração com a pressa. Quando dei por mim, estava diante de uma das cenas mais engraçadas que já vi na vida.

Na escada rolante, eis que surge O Mascote da Lapa. Assim como na Disney, O Mascote da Lapa também é um rato, só que cinza, pobre, faminto e fedorento. Achou de ir se divertir na escada rolante. Descia todos os degraus, no último descansava, até chegar novamente lá no topo da escada e depois correr de volta para, mais uma vez, assumir o seu sossego de degrau inferior. O rato ascendia sem querer, mas sempre voltava para o fim da escada, espantando todo e qualquer transeunte que ousasse enfrentar a sua presença. Os transeuntes, por sua vez, desafiavam a presença do rato só para não subir pela escada de concreto (que ficava logo ao lado) e para não fazer esforço nas pernas.

Doce engano. Os esforços para pular do rato, que descia saltitante e fazendo zigue-zague na escada rolante eram, talvez, bem maiores - e mais divertidos para a multidão que espiava de baixo e da qual eu fazia parte. As pessoas ensandeciam, desviavam, esbugalhavam os olhos, tremiam, se contraiam, pulavam de um pé só, seguravam umas nas outras, puxavam daqui, esticavam dali. Enquanto o rato vinha em sua direção, elas tentavam decidir sua postura conforme o passo indeciso da dança dele.

Coitadas! Entediantemente penteadas e limpas para o seu trabalho, toparam com o bicho sujo que veio quebrar o seu conforto-apático-de-escada-rolante com o movimento browniano digno dos roedores.

Tão logo o rato atingia o último degrau de baixo, as pessoas se livravam dele e lá em cima alcançavam o topo. Novamente ele começava a subir no giro da escada e uma nova leva de gente assumia seu posto inerte na escada, subindo logo atrás do roedor e crentes na ilusão de que ele não voltaria.

Passados alguns segundos, lá vem o rato! "Oh, abre alas que eu quero passar".
E é pulo, e é grito, e é salto, e empurra, e delira. Alguns, com medo irremediável da fera mamífera, voltavam escada abaixo na contra-mão das pessoas. Queriam ser rato também?

Não sei ao certo o que elas sentiam. Mas, mesmo com medo do primo pobre do Mikey Mouse, preferiam subir de escada rolante. Suponho que na tentativa de preservar sua preguiça ou então porque queriam se exercitar com o bailado do ratinho.

Seja lá o que tenha sido. Adorei ver essa cena e fiquei rindo o dia todo.
Queria dedicar o meu muito obrigada à prefeitura por esse investimento maravilhoso e de vanguarda. Uma gestão que se preocupa com o bem estar e que garante o divertimento das pessoas de manhã cedo, quando promove performances de ratos no chão.

Só não entendo porque investir também em pessoas deitadas no chão na companhia dos ratos. Ah! Mas, isso não importa. As pessoas não saltitam e nem dançam como ratos. Logo, não divertem ninguém. Então, quem se importa com elas?

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