quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

sol-te




Em meados de algum tempo que se deixou passar e virar retrato, abri um livro de cor laranja onde Leminsk dizia:

sol-te

Assim mesmo: sozinho, aleatório, minúsculo; numa única lauda, cuja branca lauda vizinha nada dizia. Achei aquilo uma sorte; quase profético; proteico; tão óbvio quanto querer.E isso não tem nada com nomes, cores, egos, centros, signos, ou coisas de gênero. Não há nada disso. O que me chegou foi o:

sol-te

Assim... chegando.
Dizendo: tome, receba, exerça a sua natureza de sol.
Torne-se sol. Você é um pedaço do que explodiu. E explode.

sol-te

A propósito, toda estrela nasce de uma explosão. O sol é estrela.
Para sol-ser é preciso explodir-se, ser-se, estrelar-se; soletrar o soltar; supernovar-se como se a própria Liberdade conjugasse calma e convicta o seu mais forte imperativo:

sol-te

A Liberdade é estrela; nasce de explosão; império de passarinho.
Já pensou se todo mundo resolvesse sol-tar-se, compreender-se sol?

Porque o sol não é meu, nem sou eu. Ele é fonte primeira da projeção da vida; é tudo e todos; é o eterno bastardo solitário; o que há de sempre nascer e morrer, enquanto tudo passa, em seu redor, tranquilo como o início a se espelhar num fim:

 sol-te

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