terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quando essa alguma coisa tem fim

O maior medo que eu tenho na Vida
é de morrer sem ter aprendido nada.

Talvez, eu saiba e nem saiba ver
ou
Lá na hora é que eu vou saber!

O meu próprio nome próprio

Essa coisa de me chamarem de sol o tempo todo
ainda vai acabar me transformando nisso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CABRUNCA

Minha mulher,
passei para beijar-te:
os olhos e o ventre,
ouvir seu filho e meu aborto,
suas regras e meu consolo,
sua sorte e minha sina.

Minha menina,
saltei para ser mais uma,
não tinha bilhete de volta.
Gastei o que tinha em cerveja,
no bar não vendia vacina.

Passei os olhos na mesa,
você roubou minhas cartas,
você arruinou meu azar,
me deixou roxa e sem graça.


Volte, Vaca! ou
Vá se lascar!

domingo, 30 de janeiro de 2011

ANTI VIRTUDE

Eu adoro quem não escolhe o que come. Só come.
Eu só como o que me escolhe.
E o que me escolhe não diz que escolhe, nem se dá nome, nem cargos de confiança.
Quem escolhe não sabe que escolheu. Só fica ali me comendo os sentidos e eu descomendo as horas, ruminando os sonhos. É isso mesmo.

Eis a minha grande anti-virtude: o meu cio não me controla.
Apesar de eu também não controlar o meu cio.

Hoje, enfim, eu estou aqui distraída.
E não preciso do seu endereço.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desconvidando a pressa

Vou de cá, tropeçando a passos lentos, descalçando desejos que não cabem no meu pé e andando, andando, andando. A Pressa vem aflita atrás me empurrando, insistindo que eu corra com ela. Respondo:

- Descalça não dá para correr, me doem os pés. Quero não. Não busco suas passárgadas, nem suas horas de voltar. Vá com quem quiser, que se eu não chegar a tempo de cobrir-me com êxitos, me basto com minhas inglórias e volto a sentir firme o que der. Pego, então, outra estrada e sigo novamente, no rumo dos meus batimentos cardeais, dos meus pontos cardíacos, das minhas rosas, dos meus ventos e correntes de água doce. Se em qualquer dessas estradas o Amor der pé, ele andarará no mesmo passo que eu. E ao lado dele, terei ido por conta do meu passo e não do passo da sua cobiça em querer dar carreira ao tempo, não do passo da sua ansiedade em querer chegar a lugar nenhum. Ande lá, que eu ando cá. E o Amor? Já dá pé desde a hora que nasce e é o que me faz caminhar e brigar com moinhos de vento. E sempre venço as minhas pelejas inventadas, apesar dos arranhões quase reais. Pra que correr? Eu só quero saber das estradas e daquele que anda ao meu lado e do lado de dentro.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ah Mar !

Um chão cheio de água
Um chão cheio de água salgada

Um chão cheio de água salgada
E em cima dele, vários barcos flutuando
(Ao redor dos barcos, um oceano)
E em cima dele um trans-atlântico

Um chão cheio de água salgada
Um chão, a água, o sal
os barcos, o céu, um trans-atlântico
e em cima dele, na proa, uma menina
querendo ser barco

Um chão cheio de água salgada
A foz, o grito, a nuvem
o barco menor, o redor, o som, a nau
e em cima dela, na proa, mais uma menina
querendo ser água (e sal)

O dia, a nau, o sal, o céu
o chão, o dó, a dor, o dom, a cor
a menina, mais uma, a proa
a surperfície (da água)
as duas:
a água e o barco
um abraço

Um chão cheio de água salgada
no abraço, o doce, o que fosse
o porto seguro e o além mar:
uma se mareiando
para a outra navegar.
Ah Mar!