terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desconvidando a pressa

Vou de cá, tropeçando a passos lentos, descalçando desejos que não cabem no meu pé e andando, andando, andando. A Pressa vem aflita atrás me empurrando, insistindo que eu corra com ela. Respondo:

- Descalça não dá para correr, me doem os pés. Quero não. Não busco suas passárgadas, nem suas horas de voltar. Vá com quem quiser, que se eu não chegar a tempo de cobrir-me com êxitos, me basto com minhas inglórias e volto a sentir firme o que der. Pego, então, outra estrada e sigo novamente, no rumo dos meus batimentos cardeais, dos meus pontos cardíacos, das minhas rosas, dos meus ventos e correntes de água doce. Se em qualquer dessas estradas o Amor der pé, ele andarará no mesmo passo que eu. E ao lado dele, terei ido por conta do meu passo e não do passo da sua cobiça em querer dar carreira ao tempo, não do passo da sua ansiedade em querer chegar a lugar nenhum. Ande lá, que eu ando cá. E o Amor? Já dá pé desde a hora que nasce e é o que me faz caminhar e brigar com moinhos de vento. E sempre venço as minhas pelejas inventadas, apesar dos arranhões quase reais. Pra que correr? Eu só quero saber das estradas e daquele que anda ao meu lado e do lado de dentro.

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