domingo, 18 de agosto de 2013

Vivo agarrada na barra da saia da Fé
E sigo acreditando que o Amor  mora comigo
Vive lá no Invisível
Ele pira, paira
 chora, ri

O amor é um exílio
uma beleza, aberração
me põe em riscos de contra-mão
convida, faz honras da casa
 banhos de folha

O Amor parece até que  me conhece,
se espalha por toda parte.
O Amor inventa é coisa,
é todo cheio de arte.

O Amor adora uma cena.
Se finge todo novela,
enquanto me faz cinema.

O Amor não passa de um dilema,
de uma fome, um exagero, um palpite.
É o que sai das fartas tetas da Nefertite

O Amor é o caos da calma v
adiando mundos
e no fundo não prende, não deixa.

O Amor é conversa fiada,
ele fala comigo em segredo,
sussurros em braile.
Me olha nos lábios,
mas sequer me beija.

Será que o Amor é dado a  sonhar?
Será que o Amor sabe o quanto eu queria seus beijos severos?
 ... e como eu sonhava em só ser o seu Vênus!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Era Agora





Já saímos da era cartesiana. Já podemos ser livres desse excesso de setas e exatidões.
Podemos dar um primeiro passo e desacreditar dos patrões, dos bem polidos e (des)cobertos de razão.

Se quisermos que a Era Agora seja Luz, precisamos deixar de pensar no quanto.
Somos permitidos a pensar em Quantum.
Compreender o pensamento como descargas de energias  luminosas, emissão de partícula-onda.

Até a soberana Ciência, inventora das grandes máquinas  e seu dito Tempo Real. Até ela deu o seu aval.
Enquanto isso as religiões estão ensandecidas, ensaiando seus apocalipses, bradando como feras os nomes das suas bestas. Tudo isso sem nunca olhar para o espelho.

- "Amai ao próximo como a ti mesmo?"

- "No Way, Jesus!"

Como ? Se o próximo é preto...
Como? Se o próximo é fêmea...
Como? Se o próximo é bicha...
Como? Se o próximo é louco...
Como? Se a televisão ensina a só amar  tudo aquilo que for lindo-rede-globo.
A Rede é outra, queridos! Alertem todos!
Como? Se esse ou aquele faz isso ou aquilo, assim, diferente...
Como? Se sabendo domar maiorias, ao mínimo esforço, se enchem os bolsos...

O outro tem outro nome, outra pele, outra cor, cabelos de outra textura.
Um espantalho sempre se espelha no outro e, ao não se aceitar, se espanta no outro. Se espanta na igualdade, se espanta na diferença. E como, a não poder sair do lugar, porque suas pernas não movem e seu destino é estar sempre ali pendurado na lavoura, finge não ser espantalho espantoso.

Mesmo assim, a sua função é espantar aves que querem bicar a plantação e nisso, quem sabe, se perca aterrorizando o que de dentro de si quer ser ave e voar... se deixar desmanchar pelo Tempo - em tempo irreal... saber-se adubo do chão, partícula solta no vento, onda...

A Era de ontem já era.
Sejamos Agora, bora!



sábado, 4 de maio de 2013

POEMINSK III


Eu não quero você pra mim,
nem quero ter o que é seu.
Eu só quero Ser um pouco Você
e que você seja um pouco Eu.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Sou Fé; Soul Far






Aos meus amigos e amores:
Estou indo ali, regar a raíz!

Volto logo, sem demora
É só o tempo de inspirar
Transpirar, cuidar de si

Desaguar, aguar o árido
Amar, ser, doar, doer
Aprender, plantar, colher
do pálido a pétala em cor

Chegou a hora!
Voltar pro Norte.
 Mas, lá não tem rosinha-linda
Flor-do-sertão que me espere
ao pé da porta, em prosa íntima
em voz bem mansa ouvindo a sorte

 Lá sou só eu,
mesma sem mim
com meu Silêncio:
Tudo o que tenho.

Lá já não sei
quem são meus nomes.
Nem se minhas falhas dão em aplausos
como nos palcos por onde andei.

E eu bem sei, deixei minhas peles
Me arranquei, perdi cabelos
Me descasquei, criei meus calos,
Calores raros eu desfrutei.

É lá se vai o Tempo andando
como quem quer tudo o que pode.

Lá é o onde aonde o chão
delira em febre, em fé, em pó,
e a plantação dando o quinhão
pra lá do não, além da vagem

E quem me dera chovesse e a margem
do rio chorasse. Mas, pobre rio!
Nem mais rir ousa,
porém quem sabe,
navegue a voz da moça pro mar.

Sou fé.
Soul far.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Alegria das Priquitinhas


Hoje eu fui na casa de um casal de velhinhos. Bem velhinhos, daqueles que reconhecem a naturalidade da vida e, por isso mesmo, da morte. Daqueles que há muito já acordam vendo o dia como um milagre.
E os dois ficam se tratando.

Aí o véio diz:
- "Era pra ter nascido bem uns vinte, mas a véia se acabô cedo, espie pra ela aí alejada."

Enquanto ela se ria na cadeira de rodas, fazendo pouco caso dele, que estava operado da próstata.

Moram num lugar alto, onde a paisagem denuncia que o mundo é sim um ser de segredos. E existe,  mas ninguém vê, porque está longe dali...

A tarde estava cheia de passarinhos comemorando o templo que o Sertão é quando chove. Passarinhos verde-azuis.
Priquitinha de Velande... foi isso que consegui entender quando ele disse o nome.

As priquitinhas são lindas! Cantam que é uma beleza!
Saltitando com os olhos e ouvidos... foi assim que fiquei.
De mandacaru em mandacaru elas cantavam. A alegria estava ali ... fui tomada por aquela música e espetáculo aéreo. Fiquei em êxtase.

Aí a véia disse num dengo só:
- "Tem um bando delas, dão bem umas cem. Ficam pinotano prum lado e pro outro... Um deeeeengo só..."

E continuou:
- "Ais vêiz ficam tudo trepada no mandacaru, chega o mandacaru fica verdiiiinho.
   É a chuva... A chuva é uma alegria pra elas."

E pra terminar e tomando conta de toda a poesia que havia ali:
  - "Que alegria que é quando a chuva chove!"

terça-feira, 16 de abril de 2013



O Verão criou cais no Sertão.
Já não pensa em desatracar?

Hoje,  na aba do chapéu da Manhã que nascia - e que não nasce nunca mais porque nasce todo dia - boas águas vieram me encher o bom dia de cheiro.

Foi como receber uma carta de Amor.
Posso imaginar o dia em que Ela virá de corpo inteiro.


maré-mansidão



Eu adoro quando as minhas feras
selvagens escapam assim de mim:
mansas,

Amo tanto quando as minha pérolas
se descascam nas mantas da maresia:
crianças,

inteiras assim
profundas
sem preço
sem pressa
em ciclo de ondas
na rota do céu
sem hora
senhora de si
completas
repletas de agoras

de veras.