terça-feira, 23 de abril de 2013

Alegria das Priquitinhas


Hoje eu fui na casa de um casal de velhinhos. Bem velhinhos, daqueles que reconhecem a naturalidade da vida e, por isso mesmo, da morte. Daqueles que há muito já acordam vendo o dia como um milagre.
E os dois ficam se tratando.

Aí o véio diz:
- "Era pra ter nascido bem uns vinte, mas a véia se acabô cedo, espie pra ela aí alejada."

Enquanto ela se ria na cadeira de rodas, fazendo pouco caso dele, que estava operado da próstata.

Moram num lugar alto, onde a paisagem denuncia que o mundo é sim um ser de segredos. E existe,  mas ninguém vê, porque está longe dali...

A tarde estava cheia de passarinhos comemorando o templo que o Sertão é quando chove. Passarinhos verde-azuis.
Priquitinha de Velande... foi isso que consegui entender quando ele disse o nome.

As priquitinhas são lindas! Cantam que é uma beleza!
Saltitando com os olhos e ouvidos... foi assim que fiquei.
De mandacaru em mandacaru elas cantavam. A alegria estava ali ... fui tomada por aquela música e espetáculo aéreo. Fiquei em êxtase.

Aí a véia disse num dengo só:
- "Tem um bando delas, dão bem umas cem. Ficam pinotano prum lado e pro outro... Um deeeeengo só..."

E continuou:
- "Ais vêiz ficam tudo trepada no mandacaru, chega o mandacaru fica verdiiiinho.
   É a chuva... A chuva é uma alegria pra elas."

E pra terminar e tomando conta de toda a poesia que havia ali:
  - "Que alegria que é quando a chuva chove!"

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