sexta-feira, 15 de abril de 2011

Miss Tério

O Mistério é um jogo sem fim
e, como não tem fim, não há resolução
Não há perdedores ou vencedores
Só há um impulso contínuo
de um enigma a ser decifrado

Toda mulher é um mistério... Miss Tério.
Decifra-me e me devore.

terça-feira, 5 de abril de 2011

SAUDADE ITINERANTE

Com você tenho vivido o que se pode chamar de saudade pura. Daquelas sem ansiedade, sem nodas de aflição, sem dependências. Nossa saudade se distrai do tempo e vive só por si. Ela é o que é e se permite assim: saudade... sem maiores méritos e medos.

Nossa saudade é um clown: o grande perdedor; o que se basta na gafe de ser.

Assim, dos nossos encontros, não vingam maiores êxitos.
Simplesmente, outro palhaço ganha a ação no picadeiro, sabendo que um próximo virá adiante. Só isso.
O nome desse?
Presença.
O palhaço que vem adiante?
Saudade.

Então, sentimos a presença. Afinal, há que se sentir cada parto a sua vez (em parte, dor; em parte, luz... e só mulheres o sabem).
Nossa presença se torna ilustre sempre, sendo assim. Só porque sempre nos conhecemos pela primeira vez em todo encontro. Sempre se dá qualquer coisa primeira. E nova.

Aqui, aí, ali, em qualquer lugar, seremos sempre o circo itinerante; daqueles, cujos avós ainda são nômades prestes a falir porque o dinheiro engoliu a arte; daqueles que ainda possuem animais proibidos enjaulados, como os leões; daqueles que voltam os mesmos de tanto serem tão outros.

Aqui tem um leão só para você balançar-se e seduzi-lo, passo a passo, jaula afora.... no mundo, no circo e além.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ECLIPSUTILEZAS

Os olhos de Iaiá
as versões femininas
das cores de Chico

Os olhos de Iaiá
quando encontram os meus
dizem tudo o que eu digo

Os olhos de Iaiá me lembram
a plantação dos girassóis
Nos olhos de Iaiá me vejo
Me vejo e vejo o que eu sinto em nós

Os olhos de Iaiá
quando entram nos meus
falam disso que eu digo:

Se a Lua é onde o Sol espelha
a sua essência de mulher
Quando é que imaginaria
Poder fazer um dia assim
Acontecer um eclipse
de Iaiá em mim

Se o Sol é a luz que a Lua brilha em si
e vira lenda em meu olhar
Como é que eu não poderia
desejar enfim um dia
Ser um eclipse da minha vida em (ti)
Iaiá, Iaiá, Iaiá,
Iaiá e eu...

sábado, 2 de abril de 2011

É NISSO QUE DÁ FICAR SEM CELULAR

.


Rodei o Campo Grande todo
Ponta a cabeça
De fora a fora
Tudo pra achar um orelhão
E te ligar naquela hora
Já não fazem orelhões como outrora

Oh que saudade que eu tenho do tempo das fichas!

O sol me sapecando o couro
em pleno meio-dia
mas eis que chega minha sorte
ainda que tardia
Ali na esquina da baiana
filha da cidade maravilhosa
aquela mesma baiana
que vende acarajé com soja

Bem ali na rua do teatro
que tem nome de poeta
Tava lá
O orelhão
que aliás
nem deu conexão

De tanto pensar em você
e tão forte
Quase que disco seu nome
em vez do número
só não me pergunte como

Queria contar logo
a novidade que vi
nas curvas do pensamento
enquanto Jah me contava
e cantava o seu silêncio
e o mundo assim se calava
só porque eu não ouvia
seus excessos de buzina

Em seguida eu me dizia:
“Viver é a coisa mais gostosa
que existe na vida!”

Duvida?
Eu não!

Só pelo simples prazer
de poder vos dizer
tudo isso em canção
Aqui dentro da selva urbana
onde telefone público
é bicho em extinsão

Precisava dizer isso
antes que contratempos e concretos
imbaçassem de vez minha fé
E sabia que minha empreitada
era pra não te privar de ouvir
até ali, o que eu sentia
então, se não tive um orelhão
eu fiz essa melodia.

sábado, 19 de março de 2011

LUA, um ser travesti

Hoje é um dia em que ELA chegou mais perto
está se exibindo em minha janela
e os amantes fingindo mais zelo
(entre si)
só para lhe agradar
forjam a sua beleza
quando lhe apreciam as faces
mirando uma monalisa na tela

- "Ah, se você me fosse mais próxima. Imagine o quanto eu ia te espelhar..."

É por isso que eu digo:

A Lua não passa de uma travesti !
(Por isso que todo mundo ama)

quarta-feira, 16 de março de 2011

EU Reka

Tem dias que ela some
E eu penso que o tempo engoliu
Ou que está ruminando
em algum leito de homem

E eu penso que é dessas
E eu penso que é daquelas
E eu penso que é das minhas

Depois dispenso tudo quanto é pensamento
Desalinho os passos
Pacifico as linhas

E nas inglórias do que somos eu
me atrevo e confesso:
Só foi descobrir que eu sou eu
que tudo deu certo

segunda-feira, 14 de março de 2011

SABONETE DE ARGILA COM ERVAS DA CAMPINA

Aqui tem erva, aqui tem argila, aqui tem essência, tem Essência, tem cor, tem coração, tem afeto, tem pedaço de Capão; tem o que você quiser que tenha.

De repente, estou eu lá, naquele mato, tão segura da minha natureza selvagem, do quanto sou água; tão segura do quanto eu me mereço. É só conversar com o Todo desprovido de nossas invergonhas e vestimentas inúteis que a Paz chega. E foi isso que eu senti: PAZ.

Hoje, acredito que posso acreditar que o Amor tem esse cheiro. O mundo, se quiser e puder, que vá melhorar sua fedentina. Ali eu era só Paz. E cheirava!

Então, se Amor tem cheiro de Paz, a Paz tem todos os seus cheiros guardados naquele lugar.

Eis que me surge a lembrança de que mais criaturas podem combinar com aquele silêncio de mato, porque carregam esse silêncio dentro de si: preá, lagarto, pedras, cobras, fontes, formigas, quedas, crianças, lama... É um silêncio de vida.

No meio de tudo isso (e da incapacidade das palavras exprimirem o real teor do que eu senti e vi), você também fez parte do meu silêncio e dos seres que combinam com ele.

Obrigada! Ver você existir é bonito!

Profunda e levemente,

SOL.