terça-feira, 24 de julho de 2012

GAMETA DE VÊNUS


A mulher e seus gametas
suas grutas
 suas furnas
sua sequência infindável de não's
e sim's

 A mulher e suas peles
seus teores
 desvios
 desvarios
 medos
seu queixo e audácia

 A mulher e suas falências
 seu útero
seu ventre
seus ventos
 seus tempos indicativos
 sujeito indeterminado

 A mulher e seu grito
seus grilos
seu gelo
seus calafrios
 lamúrias
peçonha
seu complexo de cegonha

 A mulher e os seus sonhos
seu conto de fada implodido
 sua reza
sua fé
sua santidade de puta
 suas caretas
carapaça e carapuça

 A mulher e seus delírios
 suas crias, seu uivo
 suas garras
seu orgasmo de fêmea
seu humor temperado de hormônios
seus tremores
terremotos internos

 A mulher e sua carência
 sua áspera espera
sua diáspora
seus poros
 seus portos
 seus podres
seus pares ímpares

 A mulher e sua sede de fluidos
de seiva
 sua fome de nada
 suas cólicas
suas falhas
 seus anseios de vômitos
seus traumas
suas nodas
seus vermes
seus retratos rasgados
 suas unhas roídas

 A mulher e o Amor
 sua sina
 lascívia
 infortúnio
 fortuna
seu parceiro noturno
 seu comparsa
 seu espelho
o seu mar
 infiel aliado
o seu laço
 o seu solo
 o seu sol
 o seu eu mais sagrado
 o seu ímã
 suas mãos
o seu sangue
 o véu incendiário

A mulher e a carne em seus dentes
sua paz e saúde
a visão da serpente

os seus glúteos lançados suavemente ao chão
pelo tempo que zomba
sua preocupação
com as rugas 
suas rogas e pragas
suas corrupções 


Bruxa, fada
a natura ensandecida

zumbi, nômade
ceifadora parida
bala na agulha
prenhe de mundos
pulso da vida
pele
ossos
postura
pus
pés
pás
pó.

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