sábado, 28 de julho de 2012

PALAVRAS DE UMA AGRICULTORA


Amor é coisa que se enterra?
Como não?
Tantos foram os amores que enterrei.  Enterrei; não soterrei.
Na medida em que pudessem beber da água com que eu molhava o chão e no ponto certo de se aquecerem quando o sol deitava ali.

Enterrar me soa tão cadavérico; tão fúnebre.
E eu gosto tanto de ser da Vida!
 Então, não. Melhor não. Não enterrei.
Semeei!!!
Semear... eis a que vem o Amor.

Hoje estou reflorestada. Tenho uma mata imensa feita de árvores que germinaram frondosas, cheirosas, que dão frutos lindos, diversos, multicores, multissabores, que me alimentam ou caem sobre mim para adubar meus chãos.

“A quoi ça sert l’amour...”

É nessas horas que eu sinto o Amor como sinônimo de Verdade; aquilo que prospera, que revigora, que renova, que expande...

O que devo fazer com o Amor e seu tamanho infinito? Administrar? Acho que não. O Amor não é empresa, lógica, meta ou cálculo. O Amor é planta; erva fina de poder. Basta deixá-lo Ser.

“Amor que é Amor, é assim: É uma certeza que nunca diz sim, nem diz não, nem diz. Só acompanha os movimentos com olhos atentos”. (Fábio Tagliaferri)

Amor que é Amor morre. Mas, morre na medida de nascer de novo. Pois, Amor que se preza, faz jus a sua identidade de ser vivo e deixa sementes, para mais uma vez brotar na Vida de quem o semeia.

Já espalhei as sementes. Rega quem quer. Dá sol quem tem luz dentro de si. Cuida quem tem paciência e força de espírito (daqueles que apreciam ver a Vida nascer).

As pragas de matar Amor já são muitas por aí pelo mundo.
 Por que eu deixaria meu Amor morrer?

Palavras de agricultor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário